Após reunião com PSOL, PGR anuncia que vai pedir abertura de inquéritos

Após reunião com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, nesta terça-feira 27, parlamentares da Frente de Combate à Corrupção afirmaram que Gurgel anunciou que encaminhará ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de abertura de inquérito para apurar a relação de deputados e senadores com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Participaram da reunião, solicitada pela bancada do PSOL, o líder do partido na Câmara, deputado Chico Alencar (RJ), os deputados Ivan Valente (PSOL/SP), Paulo Rubem Santiago (PDT/PE) e Francisco Praciano (PT/AM) e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL/AP).

A princípio, diante da dificuldade em agendar a reunião com o procurador geral, os parlamentares iriam somente protocolar pedido de urgência para apuração dos fatos envolvendo políticos do Estado de Goiás – o senador Demóstenes Torres (DEM) e os deputados Carlos Leréia (PSDB), João Sandes Júnior (PP) e Rubens Otoni (PT). Quando os parlamentares já estavam na PGR, a assessoria do órgão informou que Gurgel os atenderia.

De acordo com Chico Alencar, Roberto Gurgel disse que está para ser concluída a investigação e logo encaminhará a documentação ao STF com pedido de abertura de inquérito. Ele justificou, segundo o líder do PSOL, que a demora no encaminhamento ao Supremo, já que relatório da Polícia Federal se encontra na PGR desde 2009, houve porque existiam “poucos elementos probatórios” e que em 2010 outro relatório da PF apresentou mais provas sobre os esquemas.

“Nos sentimos gratificados pela decisão do procurador. Mas não pelo envolvimento de parlamentares em falcatruas que só mancham a imagem do Congresso Nacional”, afirmou Chico Alencar.

O senador Randolfe Rodrigues disse que Roberto Gurgel se comprometeu a enviar ao presidente do Senado José Sarney informações sobre o caso envolvendo o senador Demóstenes Torres. “Chegamos céticos e saímos satisfeitos do encontro, convencidos das ações do Ministério Público”, disse Randolfe. O senador informou ainda que amanhã deve entrar com representação contra Demóstenes no Conselho de Ética.

O deputado Ivan Valente disse que a bancada na Câmara ainda aguardará a conclusão da investigação na PGR e o possível encaminhamento ao STF com informação dos nomes de deputados federais envolvidos para entrar com representação no Conselho de Ética da Casa. “O Conselho já evidenciou, em outras ocasiões, um histórico em que precisa de provas muito fortes para investigar alguém por quebra de decoro”.

A Procuradoria Geral da República recebeu, em 2009, relatório de inquérito da Polícia Federal que apontou vínculos do senador Demóstenes Torres e dos deputados Carlos Leréia e João Sandes Júnior com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Entre os favores, o pagamento de táxi-aéreo e celulares do tipo Nextel.

Denúncias também indicam que Cachoeira ofereceu R$ 100 mil ao deputado Rubens Otoni para composição de caixa dois em campanha eleitoral.